sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Postura adventista em tempo de eleição

Começou tudo de novo. A cada dois anos o Brasil passa por uma nova eleição para renovar ou reeleger vereadores, prefeitos, deputados, senadores, governadores e presidente.

Não há como simplesmente ignorar todo este movimento. Membros e líderes da igreja perguntam sobre qual seria a posição da igreja sobre politica. Escritores ligados à denominação tem se pronunciado e com muita propriedade sobre o assunto. Um destaque pode ser dado para os artigos de autoria dos responsáveis pelo departamento de Liberdade Religiosa da Associação Geral da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Mas digno de nota é que o Manual da Igreja não normatiza o procedimento nestas questões. Ele apenas declara que nossos púlpitos devem ser usados apenas para pregar o evangelho e que oradores sem este objetivo não devem ocupar este horário de proclamação da Palavra. O mesmo Manual faz uma exceção para momentos especiais quando autoridades e oficiais do governo são autorizados a falar em nossas igrejas sobre assuntos de interesse e relevância. (Manual da Igreja, edição de 2010, páginas 36, 120 a 123)

Desta forma são necessárias orientações praticas que nortearão nossa postura diante das eleições sejam elas majoritárias ou proporcionais.  Com o intuito de ajudar lideres e membros; algumas recomendações podem ser assim expressas:

  1. Ter sempre em mente que a Igreja Adventista do Sétimo Dia é neutra em relação a partidos políticos.
    A Igreja Adventista evita envolver seus membros em questões ligadas à política e não apoia qualquer partido político em particular.
  2. Alguns membros da igreja têm se envolvido em política, e essa é uma decisão pessoal. Devido à rivalidade que frequentemente existe entre partidos políticos, é preferível que os cristãos, que se candidatam a cargos públicos, sempre o façam de modo independente (da igreja).
  3. Seria recomendável que no período da campanha eleitoral os candidatos adventistas que porventura tenham cargos em igreja afastam-se deles. Após as eleições a igreja pode ou não reconduzi-los ao cargo ou cargos. Isto evitaria qualquer mal entendido ou possível tentativa de favorecimento ilícito.
  4. Vale ressaltar também que embora seja apartidária, a igreja não é neutra em questões morais.
    Os valores cristãos devem ser partilhados, promovidos e protegidos. Quando um programa político está em oposição aos valores cristãos, como justiça, temperança, liberdade e separação entre igreja e estado, o cidadão adventista tem que acompanhar sua tarefa de acordo com suas crenças e consciência. Recusar votar não é uma forma eficaz de contribuir para uma sociedade melhor. Algumas leis e programas políticos podem ter resultados muito negativos. Portanto votar pode ser um bom exercício de cidadania. O conselho de Ellen White deveria ser seguido: “Em nossa terra favorecida, todo eleitor tem de certo modo voz em decidir que espécie de leis hão de reger a nação. Não deviam sua influência e voto ser postos do lado da temperança e da virtude?” (Obreiros Evangélicos, p. 387).
  5. Pedir votos ou discutir assuntos afins não é permitido em qualquer reunião regular da igreja. Isto se estende aos modernos meios de comunicação como paginas de internet, redes sociais e outras desde que sejam de responsabilidade de igrejas e instituições adventistas. Candidatos são livres para pedir o voto de membros da igreja em qualquer outro lugar desde que não nas dependências ou reuniões regulares da igreja.
  6. Candidatos não adventistas visitando nossa igreja podem ser apresentados ou citados como visitantes, mas de forma discreta não se fazendo qualquer pedido de votos ao candidato. Eles não podem fazer uso da palavra nesta ocasião.
  7. Apenas para meditação seria bom compreender que Ellen White tem dois tipos de textos sobre politica aparentemente conflitantes mas que bem considerados em seu contexto nos levam a uma postura equilibrada no assunto.

Em determinados textos ela parece contrariar a politica: Um exemplo está em Mensagens Escolhidas Volume 2 páginas 336-337:

“Irmãos, não vos lembrais de que a nenhum de vós foi imposta pelo Senhor qualquer responsabilidade de publicar suas preferências políticas em nossas publicações, ou de sobre elas falar na congregação, quando o povo se reúne para ouvir a Palavra do Senhor. Não devemos, como um povo, envolver-nos em questões políticas. Todos fariam bem em dar ouvidos à Palavra de Deus: Não vos prendais a um jugo desigual com os incrédulos em luta política, nem vos vinculeis a eles em suas ligações. Não há terreno seguro em que possam estar e trabalhar juntos. O fiel e o infiel não têm terreno neutro em que possam encontrar-se. Aquele que transgride um dos preceitos dos mandamentos de Deus é transgressor de toda a lei. Mantende secreto o vosso voto. Não acheis ser vosso dever insistir com todo o mundo para fazer como fazeis” – Mens. Escolhidas, vol. 2, pág. 336-337.

Por outro lado ela parece apoiar a ideia de participação na politica:

“O propósito de Deus para com os filhos que crescem em nossos lares, é mais amplo, mais profundo, mais elevado, do que o tem compreendido a nossa visão restrita. Aqueles em quem Ele viu fidelidade, têm sido, no passado, chamados dentre as mais humildes posições na vida, a fim de testificarem dEle nos mais elevados lugares do mundo. E muitos jovens de hoje, que crescem como Daniel no seu lar judaico, estudando a Palavra e as obras de Deus, e aprendendo as lições do serviço fiel, ainda se levantarão nas assembleias legislativas, nas cortes de justiça, ou nos palácios reais, como testemunhas do Rei dos reis. Multidões serão chamadas para um ministério mais amplo” – Educação, pág. 262.

Assim, pelo que podemos entender, a grande crítica de Ellen White não era contra a Política, em si, mas contra as corrupções envolvendo as "politicagens" dos partidos.

Em outro texto ela explica a postura de Cristo em uma situação que envolvia questões politicas: “A festa [na casa de Mateus] foi oferecida em honra de Jesus, e Este não hesitou em aceitar a gentileza. Bem sabia que isso daria motivo de escândalo ao partido dos fariseus, comprometendo-O também aos olhos do povo. Nenhuma questão de política, entretanto, podia influenciar-Lhe os movimentos. Para Ele, as distinções exteriores não tinham nenhum valor. O que Lhe falava ao coração era a sede da alma pela água da vida” – O Desejado de Todas as Nações página 274.

O exemplo de Cristo; os escritos inspirados e a experiência cristã nos estimulam a dizer que:

  • a) Devemos evitar qualquer contenda que envolva política, durante os serviços religiosos de nossa Igreja. Quando nos reunimos para adorar a Deus, nada deve desviar o pensamento desse objetivo primário.
  • b) Os membros são livres para se candidatarem e/ou votarem em candidatos, mas devem fazer isso com total consciência de que temos "dupla cidadania": uma celestial e outra terrena, e apenas a celestial vai prevalecer depois que tudo acabar.
  • c) Na escolha de um candidato, deve-se dar grande importância à sua qualificação de caráter. Este candidato deve ser alguém temperante, cristão, honesto e comprometido com a liberdade religiosa, e um amigo dos Adventistas do Sétimo Dia.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Continuando na Graça

Despedida a congregação, muitos dos judeus e estrangeiros piedosos convertidos ao judaísmo seguiram Paulo e Barnabé. Estes conversavam com eles, recomendando-lhes que continuassem na graça de Deus. Atos 13:43

Sim, podemos estar na graça, mas também podemos estar fora dela. A ideia de que uma vez tendo aceitado a Cristo jamais nos perderemos é contrária aos ensinos da Bíblia. "Vocês, que procuram ser justificados pela Lei, separaram-se de Cristo; caíram da graça", escreveu Paulo aos gálatas (Gl 5:4).

Uma coisa é começar uma corrida, outra bem diferente é completá-la. "Vocês corriam bem. Quem os impediu de continuar obedecendo à verdade?" (v. 7). Muitos iniciam a jornada rumo ao Céu, mas poucos chegam aos portões da cidade de Deus: "Como é estreita a porta, e apertado o caminho que leva à vida! São poucos os que a encontram", disse o Senhor (Mt 7:14).

Há muitos anos, uma visão da vida cristã foi dada a uma jovem, Ellen Harmon. Nela, a jovem viu um caminho estreito e ascendente que se tornava cada vez mais íngreme e estreito. Uma grande multidão iniciou a jornada, mas muitos, sobrecarregados com as posses e os cuidados da vida, caíram ao longo do caminho. Alguns desanimaram e desistiram. Mas outros mantiveram o olhar fixo em Jesus e completaram a jornada rumo ao lar celestial (ver Primeiros Escritos, p. 14, 15).

Provavelmente, todo mundo que ler essa descrição conseguirá pensar em alguém que começou, mas desistiu. Talvez um irmão, o cônjuge, um filho ou quem sabe um amigo. Pessoas que desistem e pessoas que completam – o que faz a diferença? Continuar na graça, como Paulo e Barnabé disseram aos recém-conversos da cidade de Antioquia (atual Turquia).

A graça, o dom imerecido de amor e salvação de Deus, nos conduz para um relacionamento íntimo com Ele. Ouvimos, o Espírito fala ao nosso coração, respondemos sim e nos tornamos filhos de Deus, filhos da graça. Agora, para o resto de nossos dias, devemos continuar crescendo nesse relacionamento.

Toda vez que não valorizamos um relacionamento, ele começa a morrer. Toda vez que deixamos de valorizar a graça, começamos a perdê-la. Continuar pode soar como algo maçante, até mesmo chato. Continuar, porém, é a essência da melhor e mais linda experiência da vida: continuar num relacionamento de amor com Alguém mais precioso do que a própria vida, continuar esforçando-se por um nobre objetivo, continuar na integridade, "tão fiel ao dever como a bússola o é ao polo" (Ellen G. White, Educação, p. 57).

Quem sou eu